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A colher


A COLHER

SAIU A COLHER

PORQUE CANSOU DE ACOLHER

SOPA DE LETRINHA.


Não sei se acontece com você, mas, tem momentos, em que palavras me irritam. Tudo começou há alguns anos com o boom do "empoderamento": empoderar, empoderada, empoderando, empodera.


Daí, sendo a nerd que sou, fui pesquisar e entender melhor o conceito do empoderamento e como ele está diretamente ligado com questões de equidade, oportunidades, educação, e, claro, poder. Empoderar tem haver com ter: ter voz, ter espaço, ter lugar, ter direitos.


Imagem ilustrativa: Ruby Roller


E, aí, como uma boa pessoa empoderada, deixei de implicar com essa palavra, que é difícil de pronunciar, e fui cuidar de espalhar o que aprendi, empoderando assim outras pessoas.


A próxima da lista viria ser "sororidade" (acabei de rolar meus olhos). E já adianto que ainda não fiz as pazes com essa.


Aqui minha razão: eu sou produto dos anos 1970, o que me colocou em uma fase estratégica da vida nos anos 1990 quando eu era adolescente e jovem adulta. Eu era (ainda sou) fã de uma sessão da tarde com esses filmes bem teens com festa e trotes nas fraternidades e sororidades (tanto uma quanto a outra são o que no Brasil chamamos de repúblicas, nos EUA uma república de homens é fraternidade, e de mulher sororidade). O ponto é: eu não me identificava/identifico com essas personagens sororas e cor-de-rosa.


Imagem ilustrativa: Senac Brasil


20 anos se passaram, tudo seguiu seu rumo, e tcharammmm… hoje sinto que vivo nesses filmes, mas ainda carrego muito do estereótipo que eles causaram no imaginário coletivo da minha geração. Ironicamente, até sou uma personagem: a estudante de intercâmbio (mas isso rende outra história).


Fato é: ainda não consegui abraçar a sororidade em seu sentido mais amplo. Porque eu já sou irmã. Eu sempre fui a irmã da Mariana, da Adriana, e do Joaquim. E no fim do dia, me identifico mais fraterna que sorora.


Tem também "influencer", que está em inglês, mas que todo mundo entende. Em português a palavra traduz para "influenciado"’, porém quando tratamos de "influencer" enquanto profissão, a tradução é "influenciador(a) digital". E é aí, nessa parte da diferença entre a definição da palavra e a profissão de influenciar, que mora minha implicância.


Meus pais são daqueles que diziam: “E se todo mundo pular do penhasco, você também pula?”. Por isso, olho pra influência de um jeito meio suspeito. Prefiro seguir referências com as quais posso aprender.


Por fim, a nova palavra integrante na minha lista é "acolher". Essa eu sei que será uma implicância passageira. Assim como, para mim, dever ser o acolher. Porque quem acolhe, empodera. E uma pessoa empoderada tem o poder pra se tornar um agente de mudança. Alguém que olhará pro mundo sem barreiras, recomeçando o ciclo, talvez, como a referência de alguém.


E ai? Se identifica?

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