C.O.N.E.X.Ã.O.

Confesso que é impossível conter as lágrimas nessas primeiras palavras. Lágrimas de emoção, aquelas que vêm direto do coração, com uma energia incrível e uma gratidão infinita, por fazer parte deste diário, junto a esse movimento maravilhoso, que só cresce, inspira e une tantas e tantas mulheres.

Por isso, escolhi como título a palavra CONEXÃO, pois é nisso que eu acredito. Mulheres unidas sempre são mais fortes. Juntas chegamos e chegaremos sempre muito mais longe.

Quem me conhece sabe que sou um “grilo falante” hahahaha. Para quem não me conhece ainda, vou me apresentar. “Olá, meu nome é Bruna, tenho 32 anos, sou a mãe da Ferinha, jornalista, empreendedora, sonhadora, workaholic”.

Essas palavras me definem muito bem, principalmente ao dizer, com o coração cheio de amor, que sou A MÃE DA FERINHA, a minha Sportster 883 Iron.

Como tudo chegou até aí? Vamos tentar resumir hehehehe.

Minha avó, dona Ana de Oliveira dos Santos (vó, em breve estarei lendo isso pra senhora), 96 anos, ainda jovem, muito pobre, um dia decidiu sair a pé da Bahia, com o sonho de dar um futuro melhor para seus filhos, entre eles, 6 mulheres de MUITA FIBRA. E, é claro, ela conseguiu.

Pelos caminhos, como costureira, trabalhava para alimentar os filhos, junto ao meu avô, sr. Raimundo, hoje uma estrelinha muito brilhante, que também sempre lutou muito pela família.

Dá pra imaginar de onde vem tanta força? É, minha avó sempre nos ensinou que podemos conquistar tudo o que queremos.

Por isso, minha mãe, Ana dos Santos Pereira, minha grande referência de mulher, de pessoa, de amor incondicional, sempre teve meus olhares mais detalhistas.

Professora, ensinou com maestria tantos e tantos alunos. Como não seria uma professora para a vida? Criou a mim e a minha irmã, Bianca dos Santos, em meio a muitas dificuldades e, acima de tudo, sempre me mostrou A VERDADEIRA FORÇA DA MULHER.

Meu pai, José Roberto Furlaneto Dias, sempre foi motociclista, um exemplo de empreendedor e vendedor nato, e sempre me inspirei nesse seu jeito destemido de ser.

Desde criança, lá estava eu sendo levada para a escola de moto, para passeios no quarteirão e me lembro do barulho das suas XLs, do cheiro das jaquetas de couro, dos capacetes.

Então, sem saber, ali eu me tornava motociclista por amor. (detalhe, eu tive uma moto da Barbie quando beeem pequena hehe)

A FERINHA

Mas como a Ferinha chegou? Ah, essa moto sempre foi um bebê muito desejado por mim e pelo Saulo, meu namorado. Parece relato de mãe, e é… Quando ele decidiu comprar uma Harley Davidson para viajarmos, ela surgiu. Chegou e balançou meu coração.

Eu sempre dizia para ela que ela seria só minha. Já tinha habilitação, mas, como é uma moto pesada e de pilotagem diferente, sentia dificuldade e cai quando subi nela pela primeira vez.

Mesmo chateada, não desisti. Tentei guardar dinheiro por muito tempo, mas o valor não era suficiente para comprá-la, por mais que o Saulo me ajudasse, fazendo um preço mais camarada, afinal, é uma moto mais cara. Mas eu queria ELA.

Sem dinheiro, a Ferinha foi embora! Sim, um novo dono a comprou (nosso amigo Júlio, de São Paulo), porém, ela era minha, né gente! Minha menina. Não sei o que houve, mas foram 3 meses dando lances altos no consórcio, mas o Júlio NÃO CONSEGUIU.

Trouxe meu bebê de volta, e, como nunca vou me esquecer, naquele dia, vendo ela chegar, com os olhos cheios de lágrimas, eu bati no tanque dela e disse: AGORA VOCÊ É MINHA.

De repente, apareciam freelas de todo canto, e, de pouco em pouco, fui juntando uma pequena quantia que eu já conseguia dar lance em um consórcio. No primeiro lance: FERINHA VOCÊ É MINHA! Eu nem acreditei. Foi o dia mais feliz da minha vida!

DIFICULDADES

Como eu disse, meninas, é MUITO COMUM ter dificuldades em pilotar, seja qualquer tipo de moto (vamos falar mais sobre isso! não tenham medo ou vergonha, ok?). Eu resolvi então entender o que me dava medo e fui fazer aulas particulares, antes de pilotar ela novamente, para me sentir mais segura e confiante.

No dia 1 de outubro de 2017, às 12h exatas (tenho o vídeo salvo até hoje), lá fui eu pilotar essa fera pela primeira vez, oficialmente. Não sei descrever o sentimento, mas ele está na pele, em forma de tatuagem, uma promessa que fiz a ela, a minha Ferinha.

E nesse universo eu me encontrei. Eu me encontrei em meio a tantas mulheres incríveis, determinadas, guerreiras, unidas, apoiadoras. Encontrei amigas talvez de outras vidas, onde quando a gente se encontra, aquele abraço é completo.

Nesse universo existe amor, cumplicidade, reciprocidade, confiança. Nesse universo #ELASPILOTAM as SUAS VIDAS.

Meu coração floresceu de uma forma onde o melhor de mim ali nasceu.

É incrível poder partilhar com vocês minhas experiências de vida, de estrada, de jornada, de empoderamento.

É mais do que gratificante estar aqui, escrevendo para vocês, recebendo muitos relatos alegres dizendo: CONQUISTEI MINHA CNH! COMPREI MINHA MOTO! e me emocionar e vibrar com vocês.

Mas por hoje, o grilo falante já escreveu muito! hehehehe e, em outros textos, vocês vão conhecendo mais sobre mim, sobre a Ferinha, nossas aventuras, sobre empreendedorismo, sobre minha marca, Ladies Machine, que criei junto à minha irmã, que é tatuadora e uma artista incrível, além de uma parceira da vida.

Quem já conhece, sabe que a Ladies é nosso projeto de vida e em breve falaremos sobre isso também.

Não poderia deixar de agradecer pelo apoio, sempre, inclusive de muitos homens, bem como do meu companheiro Saulo, que SEMPRE me incentivou e me impulsionou a realizar meu grande sonho.

É claro, também, aos grandes amigos que o motociclismo me trouxe!

JUNTAS SOMOS MAIS FORTES!

Até o próximo diário S2

obs: essas lindas fotos foram tiradas pelo Saulo S2