Com o lançamento do filme The Bikeriders (Clube do Vândalos como ficou aqui) teve um novo frenesi no lifestyle do motociclismo e saudamos velhos clássicos do cinema que contribuíram para as motocicletas estarem presente também na sétima arte sendo protagonistas.
Filmes como O Selvagem (1953), que é citado no filme como referência ao personagem Jhonny do Tom Hardy para fundar seu motoclube, O Selvagem da Motocicleta (1983), Sem Destino (1969), Harley Davidson e Malboro Man - Caçada sem Tréguas (1991), Fugindo do Inferno (1963), entre outros, todos nos lembram a atmosfera que traz um “quê” de questionamento, subcultura e liberdade (que curiosamente sempre está ligada aquilo que nada contra a maré, já percebeu aí também?). Me recordo até hoje quando vi O Selvagem da Motocicleta porque foi dirigido pelo Francis Ford Coppola e tive uma bela surpresa em ver o Mickey Rourke tão novo e encantando nas cenas. A trama gira em torno de Rusty James (Matt Dillon), um jovem descontente e inquieto, que quando seu irmão (Mickey Rourke) retorna à cidade, vê nele a esperança de ter encontrado um guia na sua vida desajustada, o que Rusty James mal sabe é que o irmão também é cheio de questionamentos internos mesmo sendo "livre" - Don’t Box Me In fez muito a trilha do meu 2014, rs.
Mickey Rourke e Matt Dillon em Rumble Fish (O Selvagem da Motocicleta) com a Kawasaki GPz 550
O que mais me chamou atenção em Clube dos Vândalos foi a opção do diretor Jeff Nichols em dirigir o filme do ponto de vista do relato da Kathy, personagem de Jodie Comer, e o que até me deixou pensativa se ela realmente fez o mesmo relato na vida real, e seja qual tenha sido a intenção do diretor, na minha opinião fez toda a diferença. Nichols preza por um trabalho de direção mais independente e pelo fato do filme ser baseado no livro de Danny Lyon, que documentou a ascensão de um clube de motociclismo no centro-oeste dos Estados Unidos por meio de fotografias, durante a década de 1960, me confirma ainda mais sua preferência por filmes mais intimistas.
Jodie Comer e Austin Butler nas gravações de The Bikeriders (2023)
Também ressoou porque me fez pensar sobre lealdade e é algo que tenho refletido muito nos últimos meses. O quanto alguém é leal por nós e o quanto somos leais por aqueles aos quais amamos? As pessoas realmente sabem o que é lealdade ou só falam da boca pra fora? Segundo o diretor, o filme aborda justamente isso. A busca humana por uma identidade e como, frequentemente, as pessoas procuram grupos para auxiliar na definição de si mesmas, além de existir pessoas totalmente moldáveis como massinha de modelar que facilmente se enquadram ao estilo predominante das amizades que nutre, dos lugares que frequenta, do hype do momento - o que pra mim ser moldável é um assunto delicado; da mesma forma que você se molda, você pode ser alguém considerado sem essência nenhuma, e se você perde sua essência é como perder sua identidade.
Jeff Nichols e Tom Hardy nas gravações de The Bikeriders (2023)
“É da natureza humana querer pertencer, mas esse sentimento se intensifica quanto mais único é o grupo ao qual escolhemos pertencer - quanto mais específico, mais palpável a identidade. Em certos casos, isso pode ser maravilhoso e estimulante em nossas vidas. Em outros, pode ser terrivelmente destrutivo. The Bikeriders representa ambos” disse Jeff em entrevista sobre o filme.
Também não tinha visto nenhum trabalho da Jodie Comer e gostei bastante, é ela que dá voz para a história contada no filme como citado acima, o Austin Bustler segue escalando e foi um ótimo coadjuvante (ou seria o certo protagonista?) como Benny e o Tom Hardy, bem, o nosso foco da coluna de hoje é justamente ele. No mais, se você gosta do lifestyle custom, das motocicletas que hoje em dia são relíquias, ou até mesmo só de um bar com os seus, assista Clube dos Vândalos.
Eu sou fã de carteirinha de muitas coisas e posso até ser considerada chata por algumas pessoas, mas se tem uma coisa que sei falar com propriedade é da cinematografia do Tom Hardy (risos). Brincadeiras à parte, o considero um dos melhores atores da atualidade e um grande ativista. Separei um top 5 com as melhores atuações dele (e ressalto aqui que é na minha opinião de fã e não de crítica de cinema) pra que você possa acompanhar por aí também.
5. Lendas do Crime (2015)
O filme biográfico retrata dois irmãos do crime, Reggie e Ronnie, vivendo sua ascensão e seu declínio na capital Inglesa dos anos 60. O Tom Hardy interpreta os gêmeos, sendo nítida a diferença na personalidade um do outro, e como mesmo assim, nutriam uma relação que os unia. O filme teve o enredo baseado no livro The Profession of Violence: The Rise and Fall of Kray Twins de John Pearson e dirigido por Brian Helgeland (você deve conhecê-lo do incrível Sobre Meninos e Lobos, 2003, ou Coração de Cavaleiro, 2001).
4. Locke (2013)
Locke é um desconforto, não vou negar. O filme todo tem apenas um plano sequência, que é o Tom Hardy dirigindo em seu carro enquanto precisa lidar com as consequências de seus atos em sua vida. Não darei muitos detalhes do enredo, mas relutei em deixar na quarta posição. Foi dirigido por Steven Knight (sim, ele mesmo... o criador da p@rra toda de Peaky Blinders).
3. Capone (2020)
Quem não conhece esse nome, não é? Embora a divulgação não tenha sido muito grande em cima desse filme, a atuação do Tom Hardy ganhou visibilidade enquanto o roteiro do diretor Josh Trank (talvez você o conhece por Quarteto Fantástico, 2015) foi bem criticado. O enredo gira em torno do último ano de vida de um dos mafiosos norte-americanos mais famosos, e como nosso foco é seus trabalhos: recomendo.
2. Mad Max - Estrada da Fúria (2015)
Esse eu assisti no cinema e se pudesse teria revisto várias vezes. O universo de Mad Max pós-apocalíptico tem um lugar especial nos anos 80 e George Miller reviveu lindamente sua saga. Todos os planos sequências de ação são de tirar o fôlego, a fotografia é incrível, o elenco é de peso e a atuação do Tom Hardy como Max Rockatansky (alô, Mel Gibson!) tá um prato cheio.
1. Bronson (2008)
Um minuto de silêncio porque esse é o meu favorito. É uma biografia nada convencional inspirada na história do Michael Peterson, um dos priosineiros considerado mais violentos da Inglaterra, que ao passar tantos anos na solitária desenvolve um alterego em que é o ator Charles Bronson em Desejo de Matar (1974). O Tom Hardy, na época, recebeu ligações do próprio Michael Peterson enquanto o filme era feito para saber como tudo estava indo. Alguma dúvida que esse trabalho do diretor Nicolas Winding Refn (sim, ele... o "pai" do Ryan Gosling em Drive, 2011, e do Mads Mikkelson em Pusher, 1996) é um dos mais aclamados até hoje? Não deu outra.
Bônus: The Take (2009)
Aqui foi uma surpresa (mas boa, sério!). Quando RocknRolla (2008) tava no auge, lembro que fui assistir The Take porque tinha o “Tom Hardy novinho” e foi aí que fiquei fã. A minissérie é dirigida por Martina Cole e é um drama familiar em que o mundo do crime é presente na vida de todos, e mesmo após o personagem do Hardy ter cumprido sua sentença na prisão, ainda se entrelaça na criminalidade, dando espaço a inveja e traições - pra completar ainda tem o Brian Cox no elenco, hein. E foi assim também que eu fiquei fã da banda Kasabian porque a música de abertura é deles (risos).
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Sobre a autora
Amanda gosta de música, viagens, cinema e literatura. Formada em Letras, começou a atuar na Comunicação e Marketing por acaso, e especializou-se em Copywriting e Gestão de Mídias Sociais. Adora ver seus artistas favoritos ao vivo e não troca seus shows por nada. Carinhosamente é apelidada de "Amandinha do Rock" por seus amigos mais íntimos e tem um coração gigante. Seu sonho atualmente é decidir qual moto comprará e terminar de construir seu cantinho pra morar - além, é claro, de conhecer York na Inglaterra e andar pelos morros que foi filmado Wuthering Heights de 2009. PS: escrevi tudo em terceira pessoa porque acho chic, risos.
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