Nossa primeira postagem do Conversa de Banheiro foi com a jornalista Gabi Hoover, que compartilhou conosco um pouco do que é a ideia de falarmos sobre o que compõem nosso "jeito de viver" além do motociclismo. Foi pensando nisso que decidi trazer em pauta Stranger Things e o protagonismo feminino.
Se você, leitora do nosso Portal, fã do seriado e que ainda não assistiu a quarta temporada recentemente lançada na Netflix, recomendo que fique ao seu critério dar continuidade na leitura ou não, porque contém spoiler. 👀
Desde a primeira temporada, vemos o protagonismo feminino representado na super heroína Eleven - é mulher e salvando o dia do Mundo Invertido, o que pra mim é incrível, assim como outras super heroínas que temos representadas ao longo dos anos de ficção no cinema e na literatura, e o mais legal do seriado é que também a cada nova temporada temos mais personagens ganhando forças como a Nancy, Robin, Max, Joyce e Erica.
Elas se desenvolvem bem e cada uma com suas personalidades, na recém-lançada podemos dizer que o enredo deu-se muito por causa da coragem de cada uma delas. Seja na Eleven aceitando retornar ao laboratório e arriscando sua vida para ter novamente seus poderes psíquicos, depois enfrentando o vilão pra salvar a cidade mais uma vez, na Nancy que quer a todo custo também derrotar o Vecna, na Robin que toma algumas sábias atitudes em prol das garotas, da Joyce abrindo mão de tudo para resgatar o Hopper, da Erica ajudando nas investigações para adentrar o Mundo Invertido, e da Max, que mesmo diante de um "psicológico enfraquecido" toma a frente e está disposta a ajudar seus amigos, sendo fundamental na trama toda.
Eleven, Max, Nancy, Joyce, Robin e Erica. Reprodução: instagram oficial da Netflix.
Vale muito a pena ver o seriado partindo desse ponto de vista. Ainda mais um que se tornou tão popular entre os mais jovens mostrando que tá mais do que tudo bem o mundo ser salvo por garotas e, mais ainda, tá tudo bem ser vulnerável e demonstrar suas emoções.
E você deve estar se perguntado quem é a dona da voz que ajudou Max a fugir do primeiro encontro com o vilão da vez e tá fazendo o mundo todo se perguntar: "Qual música te salvaria do Vecna?". E o mais legal de tudo é que realmente é uma voz feminina, como mostra o protagonismo durante todo o seriado.
A voz é da "eremita" Kate Bush. Ela se tornou famosa por ser performática, ter um timbre diferente e alcançar notas que só sua voz consegue, além de uma ótima compositora. Aos fãs, como eu, do gótico e dark foi uma surpresa escutar Running Up That Hill (A Deal with God) no seriado, embora ele tenha toda uma "vibe" da fotografia que lembre esses estilos, ainda dava-se atenção aos grandes hits dos anos 80.
Esse sucesso e mais você escuta no álbum Hounds Of Love - mas o meu preferido ainda continua o de sua estreia, o The Kick Inside, com o qual ela se tornou a primeira mulher a alcançar o primeiro lugar das paradas de sucesso no Reino Unido com uma canção própria, a Wuthering Heights, regravada alguns anos depois pela banda Angra.
Ao final de tudo, quando sobe os créditos, toca Spellbound da Siouxsie and The Banshees, outra banda de "rock gótico" com vocal feminino intrigante que tem grandes sucessos (sim, também adoramos por aqui). Ao lado podemos ver a musicista Siouxsie Sioux. Eles foram um dos pioneiros do pós-punk e a influenciar grandes bandas como Depeche Mode, Radiohead, The Cure e mais. Essa foi outra grande surpresa e ponto positivo pela trilha esse ano!
Brevemente, essa matéria vem para nos fazer refletir que o feminino tá pertencendo cada vez mais onde quer que seja capaz de chegar nossa voz, nas entrelinhas, no protagonismo, no canto, acima, abaixo. Muito está sendo reconhecido e muito ainda precisa mudar.
Dica: o nome Wuthering Heights da canção de Kate Bush é inspirada no aclamado O Morro dos Ventos Uivantes, de Emily Brontë, (0o qual anos atrás fez sucesso com Crepúsculo, e é um clássico da Literatura Inglesa, do gótico e do Romance - e vale reforçar do romance do amor não-romântico, não queremos ver ninguém romantizando um Heathcliff, por favor... (embora seja difícil hahaha) mas isso fica para outra pauta.
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