Por Bruna Wladyka
Me peguei refletindo sobre isso vendo como algumas relações interpessoais, reflexões, textos e publicações andam acontecendo. E o que me incomodou foi ver que isso já aconteceu comigo, mas no menor sinal de problemáticas, oportunistas e manipuladoras eram essas aproximações, eu consegui me afastar. Relações tóxicas, sabe? Elas te oferecem afeto sugando toda a sua energia esperando de você a solução dos próprios problemas. Essas relações acontecem em todos os lugares, com diferentes e as mais inusitadas pessoas.
Então, nessa terça-feira de carnaval, em algum lugar do mundo, agradecendo pelas minhas relações e experiências, resolvi escrever por ver como esse looping de relações rasas e perigosas se repetem. Hoje, depois de perceber e entender que quando algumas pessoas estão no desespero pela busca do pertencimento e estão frustradas pela falta de realização pessoal, elas acabam culpando o mundo por seus problemas, se humilham por migalhas de afeto, colocando em você a expectativa da mudança de vida. Aqui a terapia é uma boa solução, mas infelizmente pouco aproveitada. Quando uma pessoa esta fugindo de si mesma, ao invés de tentar encontrar o seu caminho, se cuidar e se curar, ela prefere apontar dedos e achar culpados. E então, entre julgamentos e discursos raivosos, mais uma vez covardes e conservadores conflitos acontecem entre nós, mulheres.
ATÉ QUANDO?!
E por pensar no “até quando” e lendo uma matéria na revista Time sobre Irene Montero, 35 anos, Ministra da Igualdade na Espanha, um país que há menos de 50 anos exigia que as mulheres pedissem permissão do pai ou do marido para trabalhar consolidou sua posição entre os países mais feministas da Europa. Além da importante pauta em discussão, me deparei com uma mulher jovem a frente de uma causa, se destacando e conquistando seu espaço. E me despertou a reflexão de que como isso ainda incomoda ao invés de inspirar, e como passamos por isso no nosso dia a dia.
"Como governo, temos que tomar uma decisão: vamos ousar fazer parte do impulso democratizante que vem do movimento feminista e da sociedade civil, ou vamos manter uma atitude mais covarde ou conservadora?" ela disse à Time.
Bom, pegando esse gancho e voltando ao que as pessoas te oferecem, o que me chamou atenção nesse momento é ver que todos os anos as coisas andam se repetindo: rasas amizades, boicotes, panelinhas e fofocas tem mais audiência que falar de mulheres lutando, conquistando seus direitos e espaços, se consolidando no mercado, abrindo oportunidades e sendo voz. Tudo isso anulado pelo simples desejo da "lacração" na internet, pela frustração de não conseguir ser aquilo que deseja, de não conseguir ter aquilo que quer, e pior, querer ver alguém que está bem e feliz se dando mal. Sentimentos terríveis do “ser” do ser humano.
E comparando esses acontecimentos com o que crescemos assistindo e escutando me veio a cena da princesa sendo escolhida pelo príncipe e as que não foram escolhidas, odiando mortalmente a princesa.
Colocando isso nos dias atuais, mulheres que se destacam e que sabem o valor que tem, também andam sendo odiadas por tantas outras. Parece a história da Cinderela se repetindo e pior, com aplausos e likes.
Quando vamos nos dar conta que essa história não nos representa? Que não somos princesas esperando alguém nos escolher? Que não estamos em uma disputa da mais bela e bem vestida e, muito menos, que não precisamos de príncipe algum para viver?
Perceber que não precisamos de príncipes e muito menos de destaque para sermos donas do próprio castelo e lutarmos por nossos direitos é o primeiro ato de se reconhecer como dona da própria vida e jornada. Se responsabilize pelas suas escolhas, saiba qual caminho seguir, faça da sua história a mais linda para você contar. Não espere pelo príncipe, não espere pela validação, não espere pela escolha do outro. ESCOLHA-SE!
Todas conseguem e podem, mas isso só depende de você, isso precisa partir de você, dos seus objetivos e ações. Quando você sabe onde quer chegar e qual castelo comprar, tenha certeza que vai chegar lá. Então, principalmente, não julgue o caminho da outra, não aponte dedos, não fale de aparências, não use o falso feminismo como bengala para suas frustrações.
Você definitivamente não sabe a trajetória da vida de ninguém a não ser da sua.
Faça uma auto análise e perceba se você esta fugindo ou se encontrando. É um passo importante para tomada de decisões em ser aquilo que você quer ser e encontrar o rumo ao que te faz feliz. E principalmente, não cair em relações que nada te oferecem.
Lembre-se que quem está fugindo não sabe onde quer chegar. Não se perca do seu caminho pela fuga do outro.
Essa foi uma reflexão de Carnaval em algum lugar do mundo - vendo como ele é grande e o quanto podemos muda-lo, só falta nos darmos conta disso.
Komentari