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#DiáriodeHabilitação Parte 4: A prova prática


“Deu tudo errado pra dar tudo certo”

Foi isso o que pensei quando sai da minha prova prática de moto.


Primeiro de tudo, gostaria de sinalizar que eu estava longe de ser a melhor aluna e nunca tinha sequer ligado uma moto na vida. Durante as aulas de habilitação eu caí, voei da rampa, bati na grade, errei a prancha até a última aula, e “patinava” pra sair com a moto. Talvez ter 1,57m de altura não era uma vantagem. Mas hoje, tudo isso me mostra que não precisamos ter um talento em pilotar, basta não desistirmos.


Comprei uma aula a mais pra treinar a "patinada" e a prancha. Meu professor era do tipo que largava a gente com a moto e falava “sabe andar de bicicleta? É a mesma coisa. Só fazer esse percurso”.


No começo achei isso terrível, mas como não tinha o que fazer, passei a usar a fala dele ao meu favor. Ao invés de fazer o percurso inteiro sempre, focava nas partes que estava errando e observava aqueles que acertavam.


O acelerador foi meu maior desafio. Ouvi diversas vezes do meu professor que precisava ser "delicada como a mulher que eu era" para conseguir acelerar sem passar do ponto. Inacreditável, mas aconteceu assim mesmo.


Apesar dos perrengues, não posso negar que amava ir pras aulas práticas. Tinham dias difíceis, mas num geral eu amava subir na moto e fazer aquele labirinto.


Dia da Prova Prática

Primeiro, pasmem, eu NÃO sabia que o circuito da autoescola era diferente que o usado pelo DETRAN. Descobri um dia antes assistindo pelo YouTube e com meu irmão me falando:

“seu professor não te falou isso?”

“não…”.

No dia da minha prova foi um desespero. Estava chovendo demais, aquela chuva grossa que te ensopa. Eu só tinha pilotado em garoa. Foi até engraçado porque as pessoas ficavam me perguntando se eu estava nervosa, já que visivelmente eu estava MUITO.


Uma coisa que preciso mencionar mesmo que fique confuso, é que eu não conhecia as pessoas da minha autoescola, porque fiz as aulas teóricas on-line e, para as práticas, todos usavam capacete e máscara. Eu não prestava muito atenção nas pessoas. Até que meu professor chegou, me viu e me pediu pra ajudar a organizar os papéis. Foi aí que descobri quem era quem. Guardem essa informação.


Atrasou muito, mas finalmente chegou meu momento de ir pro pátio. Ainda com chuva forte.


Entramos em muitas pessoas, ficamos esperando na plataforma enquanto o instrutor do DETRAN passava as informações: capacete fechado, máscara, luva e sapato fechado. Não pode colocar o pé no chão, Não pode demorar pra sair. Se errar já volta porque reprovou. Ele ia dar o sinal caso tivéssemos passado. O barulho da chuva era muito forte, e eu mal conseguia ouvir.


Bom, eu estava ainda mais nervosa e percebi que nenhuma menina queria ir. Estávamos todas na esperança de que a chuva ia passar. Era apenas um instrutor e basicamente íamos de três em três alunos. Mesmo assim ele conseguiu pegar quem cometia o mínimo erro.


Vi muitos reprovarem e poucos passarem. O que assusta mais.


Só que, gente, foi surreal…

Eu vi os meninos indo fazer a prova de capacete levantado, sem luva e sem máscara. Fiquei muito confusa. Fiquei brava também, porque regra é regra. Na hora me subiu uma coragem, junto com a revolta, e resolvi que seria a primeira a fazer o teste.


Eis que percebi que NÃO SABIA QUAL ERA A MINHA MOTO.


As motos da autoescola eram pretas como a maioria ali. Todas estavam de frente. Qual eu iria pegar? Será que tanto faz?


Até que reconheci um menino da minha turma por causa daqueles papéis na entrada (lembram?). Ele ligou a moto e foi. A moto parou do nada. Reprovado. Meu professor, que não estava ali até então, surgiu gritando “Essa não é a nossa, seu tongo! A nossa é essa aqui” - a bateu com a mão em cima do banco da moto certa.


Ah, eu nem pensei duas vezes, saí correndo e peguei a que ele sinalizou.


Não sei o que aconteceu, só na metade do trajeto que percebi que estava nervosa, mas que até então tudo corria bem. A chuva engrossou, eu resolvi ir seguindo todas as regras e meu capacete era aquele de bolha fixa, o que complicou a visibilidade.


Parecia que nada naquele dia ia ao meu favor: nervosismo, chuva, as reprovações anteriores ao meu teste.... Mas deu tudo certo. Recebi o "jóinha" do instrutor no final!


Uma lição pra vida

Detalhei bem os perrengues pra mostrar que pode não ter hora certa e dia certo.

E tá tudo bem reprovar quantas vezes forem necessárias, o importante é tentar até conseguir.

Reafirmo: pilotar nem sempre vai ser um talento, muitas vezes pode ser pura garra e determinação.

Meu processo acabou, mas toda sorte do mundo pra quem está pensando em tirar a carteira ou que está passando pelos testes. Vai dar tudo certo!


Foi maravilhoso documentar essa fase da minha vida com vocês <3




Nota da Redação:


Acompanhar a jornada da Ana Lara para chegar a sua hablitação na categoria A foi incrível. A Ana não deixou de se dedicar, mesmo enfrentando todo esse processo nos picos da crise da pandemia pelo do Covid-19. A gente está mega feliz por ela. Você quer contar sua história pra gente também? Manda um email no contato@elaspilotam.com com um resumo que entraremos em contato.


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