Essa história é de uma das nossas seguidoras, por respeito e a pedido dela, seu nome não será divulgado. Alerta de gatilho, esse texto aborta um relato sobre violência sexual.
Nota redação #ElasPilotam: Violência sexual é crime, segundo o site Agência Brasil no Brasil, uma mulher é vítima de violência a cada quatro horas. Todas as formas de violência contra mulher aumentaram em 2022, segundo pesquisa Datafolha, e também revela que uma a cada três mulheres com mais de 16 anos já sofreu violência física e/ou sexual. Índice é maior que a média global.
"Violência sexual é qualquer ação que force uma mulher a fazer, manter ou presenciar ato sexual sem que ela queira por meio de força, ameaça ou constrangimento físico ou moral." Clique aqui para saber mais.
Canais de denúncia. Sob a gestão do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), o Ligue 180 é um canal de atendimento exclusivo para mulheres, em todo o país. Além dos canais de denúncias, existem projetos de acolhimento à mulher, como o Mapa do Acolhimento que é uma rede de acolhimento e mobilização para o enfrentamento à violência de gênero. Uma organização que conecta psicólogas e advogadas com mulheres que sofrem ou sofreram algum tipo de violência. LEMBRE-SE: VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHA.
Fique com este relato de superação e de cura:
A melhor escolha que fiz na vida: eu consegui me curar.
Depois de sofrer uma pancada na cabeça no banheiro da escola, com 17 anos, e acordar semi nua e toda machucada, minha vida mudou completamente. Depois de quatro meses descobri uma gravidez fruto desse episódio trágico em minha vida.
Um momento terrível, acompanhado de muitos traumas, problemas psicológicos e difíceis escolhas. Mas decidi ter o bebê, fui mãe aos 18 anos, e aqui você já consegue imaginar quanta coisa mudou e aconteceu na minha vida em tão pouco tempo. Uma das piores sensações era caminhar pelas ruas e pensar que qualquer homem que passava por mim poderia ser o pai do meu filho.
Problemas e crises tomavam conta dos meus dias, mas uma coisa eu tinha certeza: ter meu filho já tinha sido a melhor escolha que fiz na vida. Mal sabia tudo que aconteceria depois, mas eu aceitei, escolhi e decidi ir em frente mesmo sendo tão difícil encontrar a cura para aquilo que ainda me atormentava.
Aos 19 anos, em um dia pesado devido uma forte crise, meu irmão foi me buscar no trabalho com sua moto, mas também foi um dia de descobertas em que tive minha primeira experiência com uma motocicleta. Já de cara aquela sensação de que, mesmo por instantes, eu conseguia esquecer meus problemas tomou conta de mim, e imediatamente quis aprender a pilotar. Na moto eu me sentia livre, independente, segura, poderosa e, como terapia, eu conseguia resolver meus problemas, e deixar os demônios pra trás. Foi um processo tão incrível que cada vez mais eles já nem apareciam no retrovisor, fixava meus olhos para frente, para meu futuro e do meu filho.
Pilotar hoje é um imenso prazer e o meu refúgio, meu conforto e minha liberdade!
Gostaria muito que outras mulheres encontrassem forças para superar seus traumas e problemas assim como eu, não necessariamente no motociclismo, mas em algo que as ajudem. Hoje sou uma mulher forte assim como a minha moto, uma o reflexo da outra.
Ainda dói quando penso em tudo que aconteceu, e como isso acontece com tantas e tantas mulheres diariamente, como dói uma mulher precisar ir alguma clínica para acompanhamento e decidir entre fazer ou não um aborto da gravidez decorrente do estupro, e, muitas vezes, isso acaba sendo uma escolha de terceiros. Hoje, eu respiro aliviada e orgulhosa pela minha escolha, pelo meu processo de cura, pelo meu filho estar na minha vida e eu ser uma baita mãe motociclista. E espero que muitas mulheres, independente de qual seja sua escolha nesse delicado momento, consigam ter voz para elas e sua vontade respeitada.
Posso dizer que meu filho trouxe minha moto e minha grande paixão.
E também digo que se você ou alguma mulher próxima sofreu ou sofre com qualquer tipo de violência: denuncie e busque ajude. Não estamos sozinhas!
Ligue 180.
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