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O desafio de pilotar 1600k em um dia

por Alice Castro e Gabi Hoover


Conhecido como o desafio "Iron Butt", na tradução livre, "Bumbum de Aço", a prova criada pela organização norte-americana Iron Butt Association (IBA) é uma verdadeira prova de resistência física e mental, e é aberta para homens e mulheres.


Atualmente, a IBA conta com mais de 70 mil membros espalhados por todo o mundo. Para fazer parte do grupo é preciso completar uma das provas propostas pela organização e ter seu trajeto e registros reconhecidos. Em sua maioria, os condutores de um Iron Butt são pessoas dedicadas a viagens seguras de longa distância.


"O mundo é o nosso playground", famoso slogan da Iron Butt Association.

A inscrição prévia ao desafio "Iron Butt" não é obrigatória. Mas exceder a velocidade no trajeto é totalmente proibida, por se tratar de rally por constância.


Basicamente a prova visa o cumprimento da rota escolhida com a maior precisão possível, já prevendo as paradas de reabastecimento. Outra característica importante é a obrigatoriedade em seguir as regras de trânsito do país.


No "Iron Butt" é necessário, ainda, documentar detalhadamente todo o percurso, registrando as paradas para reabastecimento com hora, local, e os quilômetros rodados correspondentes ao tempo cumprido.

Uma vez terminado o desafio, é preciso submeter toda a documentação - recibos e fotos - para a Associação, que fará a autenticação do trajeto. Somente então, o motociclista receberá o cobiçado certificado pela prova de resistência (diploma e patch).


O IBA tem dezenas de provas, mas as mais famosas e conhecidas são:


✌︎ SADDLESORE: a) 1.600 km ou 1.000 milhas em até 24 h b) 2.000 km em até 24 h ✌︎ BUNBURNER a) 2.500.km ou 1.500 milhas em até 36 h ✌︎ BUNBURNER SILVER a) 2.500 km ou 1.500 milhas em até 30 h ✌︎ BUNBURNER GOLD a) 2.500 km ou 1.500 milhas em até 24 h


Além da Iron Butt Association, o desafio também pode ser submetido para Ride 1k in a Day (rode mil milhas em um dia). Esse segundo desafio, bem menos conhecido e tradicional, segue as mesmas premissas do Iron Butt, mas é menos rigoroso em suas regras de documentação.


Experiência de quem já fez o IronButt

No Brasil, as motociclistas Valéria Aranha e Claudia Fujarra (foto abaixo) já realizaram as categorias SADDLESORE, BUNBURNER e a BUNBURNER SILVER. Para a realização desta última, considerada uma das mais desafiadoras, as pilotos optaram por seguir o trajeto sozinhas, e em semanas diferentes. Valéria realizou 1500 milhas em 28:31 h, e Cláudia em 28:42 h.



Até a conclusão desta matéria, Valéria e Cláudia eram as únicas motociclistas brasileiras que realizaram a BUNBURNER SILVER sozinhas no Brasil. O trajeto escolhido pelas pilotas foi do Rio de Janeiro (RJ) a Jaguaruna (SC), ida e volta.


Desafios da prova


No trecho percorrido por Valéria e Cláudia foram 23 paradas para pedágio – no Brasil, em várias rodovias não há a dispensa de pagamento de pedágios para motociclistas e as filas pagantes usualmente são grandes, especialmente no horário de rush. Essa realidade atrapalha a cronometragem do rally. Segundo avaliação e cálculos matemáticos feitos pelas motociclistas, no Brasil atualmente seria inviável cumprir os requisitos da BUNBURNER GOLD face ao tempo perdido nos pedágios.


Conseguir administrar bem o tempo da prova é crucial para sua realização.


A norte-americana Whitney Meza completou recentemente a prova de mil milhas na série IronButt Great Lakes (Grandes Lagos), rodando a volta completa do Lago Michigan e submeteu seu trajeto nas duas organizações - a IBA e a Ride 1k in a Day. Das lições que aprendeu em seu primeiro desafio, administrar o tempo foi a principal delas.


"Eu não planejei minhas paradas o suficiente. Esqueci de considerar que precisava documentar e guardar todos os recibos. Além de estar gravando e documentando para o YouTube, o que também me levou preciosos minutos.", contou.

E como se não bastasse a corrida contra o relógio, todas as pilotas ressaltam o preparo fisico e mental necessário para esse desafio. Segundo Valéria Aranha,

“Eu diria que você tem que estar muito focado; não tem tempo para desconcentrar, não tem tempo para comer, nem descansar. É uma batida forte contra o relógio, com tudo cronometrado”


Para o #ElasPilotam, Valéria afirmou:

“Se eu recomendo para qualquer motociclista? Não, não recomendo. A única pessoa que pode recomendar é você. Você tem que saber dos seus próprios limites, lembrando que todo desafio envolve um risco”.

Valéria e Claudia


Valéria e Claudia já pilotaram juntas rotas famosas nos EUA, entre elas a Route 66, Tail of the Dragon (Tennessee), Cherohala Skyway e Moonshiner28 (Carolina do Norte). Há anos, ambas participam de outros eventos tradicionais americanos como o Rally de Lacônia (New Hampshire), considerado o mais antigo dos EUA; o de Sturgis (Dakota do Sul); os eventos de Daytona, na Flórida; além de terem estado em comemorações emblemáticas da Harley-Davidson.


Na América do Sul, já passaram por Mendoza e Ushuaia (Argentina), Deserto do Atacama (Chile); aos Lagos Andinos, atravessando a Cordilheira do Andes pelo Passo Cardenal Antonio Samoré; Cusco (Peru) via a Estrada do Pacífico, saindo do Brasil pelo Acre.


As amigas são presenças constantes nos encontros do PHD, Megacycle, BCMW, National HOG Rally, Penedo (RJ), Tiradentes (MG). Ainda, percorrem há anos as famosas estradas das regiões Sudeste e Sul, como as Serra do Rio do Rastro e Serra da Graciosa, e o Rastro da Serpente etc.


Whitney


Com duas crianças pequenas e o marido fora em serviço militar, Whitney aproveitou que já tinha contratado uma babá para as crianças e o tempo que ficaria em uma conferência, cancelada por conta do Covid-19, para realizar seu primeiro SaddleSore. Com apenas duas semanas para se preparar ela escolheu contornar o Lago Michigan, e conseguiu realizar a prova com pouco menos de 40 minutos antes de bater 24 horas. Ela documentou todo o trajeto em seu canal do YouTube. O episódio (de 48 minutos) está no ar (em inglês).


Whitney realizou o desafio em Julho de 2020 e ainda espera o reconhecimento da IBA. Recetemente recebeu o reconhecimento e os certifiados da Ride1K in a Day.


Informações e Fontes


Se você se animou para realizar um Iron Butt, nossa recomendação é que se prepare o máximo que puder. Lembre-se de manter-se hidratada e planejar bem seu roteiro.


Você também pode conversar com essas mulheres maravilhosas e pegar dicas, roteiros, e orientações muito importantes.


Valeria Aranha - @aranhav

Claudia Fujarra - @cfujarra @cfuj_photo


Whit Meza - @whitmeza


Iron Butt Association - www.ironbutt.org


Ride 1k in a Day - www.ride1k-inaday.com


Videos


A Valéria gravou um super depoimento para #ElasPilotam e você pode assistir clicando no video abaixo.


Pra treinar o inglês e acompanhar a "montanha russa" de emoções do ride da Whitney.


Quer mais?


Em nosso Diário você pode ler também a história da Francis - The REAL Iron Butt -. Em 2019, a Francis pegou sua recém comprada Sportster Iron 883, uma mochila, e saiu para seus mais de 1600 quilometros. A viagem foi cheia de surpresas, uma verdadeira prova de superação e auto-conhecimento. O que deu certo? O que deu errado? - tem que ler a história. Clica aqui.

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