Meu nome é Patricia Schumacher, tenho 30 anos, e sou motociclista há pouco mais de 6 meses. Se me perguntarem se as duas rodas sempre foram o meu sonho, a resposta é não. Nem sempre foram meu sonho.
O sonho que eu desejava ver realizado era o da minha liberdade. O sonho de criar meus próprios momentos, superar os meus desafios internos e poder dizer a mim mesma:
olha garota, você conseguiu.
E foi nesse momento de busca da liberdade, e de entender quem eu realmente sou, que as duas rodas chamaram a minha atenção.
Meus pais já eram motociclistas há alguns anos. Sempre achei muito legal e, aos poucos, o contato com as histórias deles e de outros motociclistas amigos, fez crescer em mim a curiosidade e a vontade de ter uma moto minha. Era como se soubesse que a aventura de subir em duas rodas iria me conectar com meu sonho de ser livre e torná-lo realidade.
E então aconteceu
A “Benedita”, minha CB500X, está comigo desde dezembro de 2019 e, até o mês de Maio de 2020, já completamos cerca de 8000 km juntas.
A primeira vez que subi nela e dei uma volta de alguns quilômetros, foi uma mistura de sentimentos. Havia uma sensação de realização e, ao mesmo tempo, não posso negar, cheguei a pensar que não tinha feito a escolha certa, pois eu estava destreinada, não pilotava fazia muito tempo e achei bem difícil me adaptar, achei difícil cada curva e meu corpo todo doía.
Mas como em tudo na vida, a primeira experiência não pode definir se algo vai ou fica. Por isso continuei com os passeios. As curvas se tornavam mais fáceis e a adrenalina mais motivadora. Entrar em contato com a liberdade, o vento, a estrada, o pôr ou nascer do sol, as pessoas no caminho, as histórias, cada lugar e contato com a natureza, foi e é cada vez mais impressionante e em pouco tempo eu tive a certeza de que nasci para pilotar.
Quando nos lançamos em uma experiência tão particular quanto pilotar, principalmente sendo mulher, nos deparamos com muitos comentários, preconceitos e impressões. Particularmente, os comentários que mais gosto de ouvir são aqueles que dizem:
”Nossa, que coragem!!” Ouvir isto me motiva a continuar e penso comigo “é isso aí, você é corajosa, conseguiu isso, pode conseguir qualquer coisa”. Sempre fui movida por curiosidade e desafio e isso resume exatamente o que é subir em uma moto e sair para uma viagem com destino final ou para qualquer lugar sem rumo.
Cada experiência com a “Benedita” e com os lugares que ela me leva, me conectam com uma parte diferente de mim mesma e também com as pessoas que encontro no caminho ou que andam comigo.
Ando muito na companhia dos meus pais e estes momentos juntos nos proporcionam muitas histórias e alegrias. Cada pessoa tem o seu modo de sentir a vida e de se sentir vivo, eu sou feliz e grata por ter encontrado o meu jeito e desejo que todas as pessoas encontrem o que as faz se sentirem simplesmente VIVAS.
Comments