Press-release
São Paulo, Abril de 2021 - A motociclista mineira enfrentou sozinha mais de 1.600 km em 24 horas.
› O trajeto foi de Minas Gerais até Mato Grosso do Sul, em linha reta
› A motocicleta, companheira de viagem, foi a Ducati Monster 797
A mineira Virginia Barbosa tornou-se a primeira mulher motociclista, em todo o mundo, a cumprir o desafio Iron Butt realizando o percurso em linha reta e com moto naked Ducati. A prova de resistência e determinação teve mais de 1.600 km percorridos em apenas 24 horas.
“Parti às 3 horas da madrugada de Belo Horizonte e comecei a aventura com o coração a mil por hora. As estradas de Minas Gerais tem muitas curvas e deu para sentir que a moto responde muito bem nas tomadas de curva e na aceleração final. Em Uberaba, as estradas estavam sensacionais para acelerar e com isso testei bastante o poder da minha Monster, que me surpreende cada vez mais”, explica.
Todo desafio tem seus contratempos, ela ficou sem GPS mas focada em cumprir essa grande aventura
No trajeto, já entrando no Mato Grosso do Sul, logo depois de atravessar a ponte sobre o rio Paraná, Virgínia passou direto numa lombada e com o solavanco o GPS soltou da USB e ela não percebeu. Sem a conexão, a bateria do GPS foi baixando e cerca de 100 km depois apagou. “Eu fiquei sem sinal de dados no celular e acabou que na rotatória, ao invés de pegar para Campo Grande, segui direto por mais 100 km. O tempo estava um pouco nublado e quando o sol saiu percebi que o meu destino deveria estar na minha frente e não atrás de mim”, conta relembrando o perrengue. “Consegui ligar para um conhecido de BH e com a localização do meu GPS de segurança ele traçou o caminho para eu chegar na minha rota original e peguei o rumo certo para Campo Grande”.
De volta ao caminho correto Virginia agora precisava abastecer, afinal tinha rodado muitos quilômetros extras. “No planejamento da rota havia um posto de gasolina entre as cidades de Inocência e Águas claras, mas esse posto foi desativado. Decidi seguir viagem. Grande erro. Faltando 10 km para chegar em Inocência deu pane seca na moto”, conta.
“Mantive a tranquilidade e achei um reboque para me resgatar”, destaca a piloto.
Mas tudo acabou bem e ao finalizar o desafio Virginia descreve a emoção. “Consegui fazer os 1600 km e nesse momento minha emoção foi a mil. Eu gritava dentro do capacete, buzinava e piscava farol igual uma louca. Isso tudo no meio do nada. Tomada pela emoção, ao passar por uma operação policial, eu não vi o agente fazendo sinal de parada e continuei meu caminho, acelerando para chegar logo no posto e tirar foto da nota de abastecimento final, com meu hodômetro marcando mais de 1600 km”, diz.
“De repente vi uma luz ofuscante atrás de mim e o barulho de sirene e o giroflex da viatura da Polícia Rodoviária Federal ligado. Encostei a moto e ouvi um: mão na cabeça! Nessa hora bateu o desespero: o que eu fiz? Os policiais pediram para eu descer da moto e verificaram minha documentação. Estava tudo em ordem e eles quiseram saber o que eu estava fazendo sozinha, na madrugada, no meio do nada, andando de moto”, relembra o susto.
“Falei sobre o desafio e acabei fazendo mais dois amigos”, finaliza.
Quem é a piloto brasileira
Virgínia Barbosa – “Tenho 37 anos, sou engenheira de software e apaixonada por motos,”descreve a motociclista que entrou no mundo de duas rodas somente após superar o trauma da perda do seu meu melhor amigo num acidente de motocicleta há 18 anos. Isto a fez adiar o sonho de pilotar até 2018.
Mesmo com dois joelhos de titanium, resultado de algumas quedas, Virginia manteve o sonho de ter uma Ducati. “A coragem e a determinação de dominar um novo mundo foram meu principal combustível para superar várias barreiras durante todo esse processo. O primeiro deles foi a falta de experiência e o medo, que foi compensado em resiliência.
Aí começam as aventuras, os passeios de moto, o início de novas amizades e o no fim é a conquista da liberdade, que você só entende quando está pilotando uma Ducati.
Eu tenho algumas peculiaridades que me fazem ter orgulho de mim mesma a cada dia mais. Superei cirurgias nos dois joelhos, tenho reconhecimento e respeito no meu trabalho - uma área dominada por homens - e convivo diariamente com o diabetes”, conta. “E hoje eu digo: não ando de moto, eu piloto uma Ducati”, afirma Virginia.
"Pilote, seja qual for sua moto, pilote! Ela te levará a aventuras incríveis e lugares inimagináveis, mesmo sendo na esquina de sua casa".
Virginia, mandou um recado especial para todas as leitoras do nosso portal:
"Concretizar esse desafio foi a oportunidade de mostrar ao mundo que não há limites para uma mulher, até mesmo uma mulher que possui diabetes. Pois muitas foram as falas de: "é impossível", "vc não vai conseguir", "sozinha? vc é maluca?", "não vá, vc é mulher, já é pesado para um homem".
Tinham vários motivos para passar esses dias em minha casa tranquila lendo um livro, mas escolhi realizar esse desafio, onde supero todos meus limites, para chegar à vitória.
A vontade de "poder fazer", me impulsionou a cada quilômetro, onde eu teria que ser rápida e cuidadosa para não cometer erros, que mesmo assim foram cometidos, como tudo na vida e transformar esses erros em acertos.
Então, seja qualquer pessoa, o que te impede de buscar seus sonhos e fazer do impossível o possível?”
SOBRE O IRON BUTT A Iron Butt Association (IBA) é uma organização baseada nos EUA dedicada a viagens de longa duração de motocicletas. A associação conta com mais de 60.000 membros em todo o mundo, que se auto denominam como os "mais tenazes motociclistas do mundo." Como o próprio nome diz, Iron butt ou bunda de ferro, é uma certificação emitida pela Iron Butt Association aos motociclistas que passam por uma prova de regularidade durante um período determinado. Para receber a certificação, o motocilista deve efetuar um planejamento de roteiro, com quilometragem e horas, comprovar e registrar tudo através de documentos e fotos, além de testemunhas.
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